segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Apostando na ignorância

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por Christina Fontenelle

em 09 de fevereiro de 2006

Resumo: Na Rede Globo a crise política passa longe, substituída por horas diárias de apologia ao politicamente correto, estatísticas positivas, opiniões de ditadores esquerdistas, e, claro, carnaval e Copa do Mundo. Uma beleza mesmo!

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É engraçado ver o Presidente Lula falando de Evo Morales, recém-eleito presidente da Bolívia. Todas as vezes que é chamado, pelos repórteres, a falar sobre Morales, Lula fala de si mesmo, com a expressão facial de quem está se achando um gênio da retórica – feito adolescente que fica dando indiretas e recadinhos, para quem couber a carapuça. Eu sempre digo que, pior do que realmente ser feito de idiota é ter que manter a elegância diante de um idiota que acha que você não está percebendo que ele está tentando lhe fazer de idiota.

De todos os títulos atribuídos ao Excelentíssimo Senhor Presidente do Brasil, apedeuta é, de longe, o que mais lhe faz jus. Entretanto, ainda não descreve completamente o homem. Eu faria um pequeno ajuste, de apedeuta para apedeutista (criando, mesmo, uma nova palavra), uma vez que o sujeito, além de ser ignorante, orgulha-se disso e faz apologia da ignorância por convicção e opção.

E não se contenta só com isso não. Sempre que pode, atribui a legitimidade de seu governo ao fato de ser um homem do que ele julga ser o povo brasileiro – ignorante como ele. Como se o melhor guia para cegos fosse também um deles. Além de não admitir publicamente que chegou ao Planalto por uma concessão (ou talvez por uma – aqui sim, inadmissível – ignorância) das classes média e alta, cospe no prato que comeu e vive bradando que não representa esta parcela da população. Resumo: xinga todo mundo – os pobres, de seus semelhantes, e os mais ricos, de "otários".

Dia desses, numa dessas viagens para visitar as obras de "maquiagem" das estradas, o apedeutista fez um breve discurso, onde, sem nenhuma sutileza, chamou os militares de inúteis. É isso mesmo. O homem justificou a utilização de militares do Exército, na recuperação e construção de estradas, alegando que o Brasil é um país pacífico e que, por isso, não pretende, tão cedo, entrar em guerra contra ninguém. Como se uma coisa tivesse alguma relação direta com a outra.

Ou seja, disse aquilo que todos os revanchistas de esquerda sempre sonharam em dizer. Só faltou dizer que, agora sim, esta gente inútil e desmancha prazeres está onde sempre deveria ter estado – trabalhando para o governo (de esquerda, é claro) como mão-de-obra disponível, barata e "mudinha", que não contesta ordens, não tem direito à hora extra e nem recebe adicional por deslocamento de função.

Só não disse, é claro, que a força armada que interessa ao governo como a da Força de Segurança Nacional e o MST, por exemplo, estejam – estes sim – fazendo seus deveres de casa direitinho, com direito à injeção de dinheiro, aparelhamento, bons salários e sabe-se lá mais o que.

Entretanto, nesse aspecto, em particular, se alguém tem autoridade para debochar e falar o que quiser das FA, este alguém é o nosso amantíssimo presidente. Afinal, ele conseguiu fazer com elas o inimaginável: terminou de dividir, emburrecer, desaparelhar e ainda conseguiu colocar boa parte do alto oficialato sob a Síndrome de Estocolmo. O que não é de surpreender, porque, um dia, os "filhotes do revanchismo" chegariam aos postos mais altos da hierarquia militar. Afinal, já faz 40 anos que a esquerda anistiada tece seu projeto de liquidar de vez com quem sempre soube estar realmente à altura de lhe podar os anseios.

Voltando ao nosso presidente, vê-se que ignorou solenemente o recado do Presidente norte-americano, George W. Bush, que, em sua visita ao Brasil, disse que havia dois caminhos a escolher: o do retrocesso populista ou o do desenvolvimento, pelo livre-comércio e sob democracia plena. Ora, todos nós sabemos que as coisas não seriam tão simples assim. Mas, uma recente cena de Lula, Nestor Kirchner (Argentina) e Hugo Chávez (Venezuela) se confraternizando, na Granja do Torto, em Brasília, foi bastante significativa - vale mais que mil palavras. Os EUA entenderam que o Brasil já fez a sua escolha. Estaremos caminhando com destino ao neo-comunismo populista, a reboque do despotismo dos movimentos internacionais de esquerda e a mercê dos resultados das disputas de poder entre eles.

Os três Chefes de Estado estavam reunidos, em Brasília, para tratar da construção de um gasoduto, com cerca de 10 mil quilômetros, ligando Argentina, Brasil e Venezuela. Na reunião, eles falaram sobre a eleição de Evo Morales, na Bolívia, e confirmaram que pretendem "ajudá-lo" a governar e a "colocar as coisas em ordem" naquele país –” sem interferir na autonomia do povo boliviano, é claro", disse Hugo Chávez. É claro, nós sabemos que está tudo muito claro com relação a tudo que diz respeito às atitudes de Hugo Chávez, não é mesmo?

A gente consegue perceber certo mal estar de Lula quando está diante de homens como Fidel, Hugo Chávez ou do índio Morales. Não é por nada não. É certo desolamento, por causa da tristeza que sente ao perceber que muitos brasileiros ainda preservam muita coisa boa, dos tempos em que estudar era primordial no país – tanto em qualidade como em quantidade.

Se ele tivesse pego um povinho massacrado e emburrecido por sucessivas ditaduras militares de verdade, como seus colegas, tudo seria diferente, e ele não ficaria nesta posição embaraçosa de coadjuvante meio mal-sucedido em conseguir a "consagração" popular. Sim, porque, em termos de ditadura, o Brasil foi o único país que melhorou as condições de vida do povo – em todos os sentidos – e debelou os movimentos comunistas, atrasando, em décadas, seus planos de poder. Coitado! É uma frustração mesmo! Aqui no Brasil, o "buraco é mais embaixo"! (Pelo menos, foi.)

Mas, nosso Lula não precisa ficar chateado. E não está. Não há como negar que vem sendo bem-sucedido em se manter no poder. Apesar de boa parte da mídia jornalística impressa – papel ou Internet – continuar publicando uma enxurrada de denúncias e descobertas de crimes cometidos, o não-declarado-ainda-candidato à reeleição presidencial, senhor Luiz Inácio Lula da Silva, acredita piamente na desinformação e na burrice do povão, bem como na covardia, na omissão e na cegueira dos endinheirados – e no retardamento mental dos dois. É com base nessa certeza e no seu enorme arsenal de material de chantagem que Lula espera ser reeleito.

Na Rede Globo, emissora de TV com maior penetração, em todo o território nacional, a crise política e econômica passa longe, de "fininho" mesmo. São horas diárias de novelas que fazem a apologia do politicamente correto e apresentadores de telejornais, sorridentes, falando de estatísticas positivas, nos mais diversos setores – todas incompletas e distorcidas, é claro - ouvindo declarações dos maiores salafrários, como se fossem pessoas merecedoras de crédito e divulgando atitudes e opiniões de homens como Fidel Castro, Hugo Chávez, Evo Morales, Nestor Kirchner e cia. ltda., como se fossem lautos democratas que aproveitassem sua passagem pelo poder, para divulgar idéias e implementar novos projetos. Isso sem falar no carnaval, nas belezas da China, na Copa do Mundo e nos preparativos para os Jogos Pan-americanos. Uma beleza mesmo!

Parece até que os crimes de toda a ordem cometidos pelo PT, sob o comando ou, no mínimo, com a ciência do Presidente da República, não passam de eventualidades toleráveis – coisa comum, que já aconteceu várias vezes no país e que poderá ser facilmente resolvida pelo voto, nas próximas eleições. O âncora, Boris Casoy, que o diga. Foi Insistir na apuração das denúncias, nas críticas e nas cobranças e acabou sendo "convidado" a se retirar da Record, juntamente com alguns membros de sua equipe – pelo menos até que terminem as próximas eleições. É o que dizem...

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