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em 27 de maio de 2006
Resumo: A seqüência coordenada de fatos vai construindo um cenário extremamente confuso na mente da maior parte da população, que acaba por lhe impedir a formação de uma só opinião segura a respeito de qualquer assunto.
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No nosso cotidiano as coisas costumam acontecer desordenadamente, mesmo que no final de cada dia possamos descrever uma seqüência lógica (ainda que essa lógica esteja sob a ótica particular de cada um) de acontecimentos, de ações e de reações. Ou seja, conforme interagimos com o que vai se apresentando diante de nós, vamos escrevendo a nossa estória que acaba sendo determinada por uma conjunção de fatores: a maneira como reagimos aos estímulos, os nossos valores, a nossa disponibilidade financeira, etc. As coisas não acontecem em nossas vidas de forma ordenada, uma de cada vez, ou uma em concordância com a outra.
Vamos apelar para um exemplo. A gente acorda e sai para trabalhar. No caminho, um imprevisto: o carro enguiça. Pronto, já bagunçou toda a nossa agenda. Colocamos nossa atenção e esforço para resolver aquele problema e tentar retomar as atividades que estavam dentro das previsões. Suponhamos que esse esforço seja interrompido pelo telefonema de um filho que não esteja se sentindo bem na escola e que nos pede para ir buscá-lo. Na verdade o desfecho dessa estória não vem ao caso. O que nos interessa é que na vida de cada um de nós, as coisas acontecem paralelamente e não ficam a esperar que um problema se resolva para que outro apareça.
Imaginem, então, ampliando esse raciocínio, como deve ser o dia a dia de um homem que trabalhe na presidência de um país como o Brasil. Não é preciso ser nenhum gênio para concluir que milhares de coisas aconteçam ao mesmo tempo, a maioria delas sem conexão umas com as outras e de caráter os mais diversos possíveis. A OPEP não pede autorização para aumentar o preço do petróleo, o ciclone tropical por sua vez, não espera que o país analise a questão dos reflexos desse aumento na economia, para varrer uma cidade do Rio Grande do Sul, causando enormes prejuízos. Assim, as coisas vão acontecendo atropeladamente...
Entretanto, nos últimos quatro anos, os grandes acontecimentos de repercussão nacional não parecem estar respeitando essa cadência natural de simultaneidade. Ao contrário: manifesta-se um extraordinário fenômeno de ordenamento seqüencial digno do estudo dos mais proeminentes profissionais do mundo nas áreas de História e de Ciência Política. Os fatos que abalam o país, bem como suas conseqüências imediatas, acontecem de maneira ordenada, um de cada vez, ficam em evidência por períodos que variam entre 15 e 40 dias e são intercalados por apreensiva expectativa e pelas constantes revelações de abusos, corrupção e ilegalidades praticadas pelos governantes do país.
Tudo bem. Na realidade as coisas não acontecem assim. Mas, o importante é que parecem que desta forma o fazem, na medida em que o noticiário oculta sistematicamente aquilo que não convém ao esquerdismo que serve e ainda faz o favor de, ao noticiar o que lhe parece conveniente, ou o inevitável, o fazer de maneira vergonhosamente distorcida e às vezes pior: mente mesmo. Temos assistido, principalmente na TV, a operação de um fabuloso laboratório de lavagem cerebral que faz questão absoluta de desinformar informando.
A coisa funciona como um tratamento de choque intermitente - posto que tudo parece estar metodicamente planejado. Reparem nesta seqüência, por exemplo: Palocci e o caseiro, até a demissão do Ministro; MST/Via Campesina invadem o horto florestal da empresa Aracruz Celulose; Evo Morales e a Petrobrás; MST/CUT/UNE ameaçam desencadear desordem pública caso o projeto de impeachment de Lula prossiga; e São Paulo vitimado pelo terrorismo - com destaque para a ligação ideológico-estratégica entre os três últimos fatos.
É como se o MST desse seu recado e parasse temporariamente de agir para que entrasse
Pior. Essa seqüência coordenada de fatos vai construindo um cenário extremamente confuso na mente da maior parte da população, que acaba por lhe impedir a formação de uma só opinião segura a respeito de qualquer assunto que seja, uma vez que a realidade acontece de uma forma e o partido do governo, ajudado pela mídia de grande alcance, desmente oralmente aquilo que se está a ver acontecer. Uma covardia.
O aparelhamento de parte do Estado e da mídia permite que a esquerda comuno-populista permaneça no comando do país. Qualquer esforço no sentido de reagir aos desmandos dessa gente é imediatamente combatido, ora pelo uso do aparato fiscal e/ou policial, ora pela manipulação de informações disseminadas na mídia (inclusive com omissões criminosas) ou ainda pela coordenação de ações terroristas - evidenciando o uso da indústria da pobreza, da onguinização e do crime organizado para impor o medo e não só permanecer no poder como também ampliá-lo cada vez mais.
Depois disso tudo, Lula ainda é o favorito nas últimas pesquisas eleitorais divulgadas esta semana. Só tem uma explicação e ela foi muito bem articulada no discurso de abertura do Seminário Sobre Democracia Liberal, do Dr. Heitor De Paola, citando Alexander Tyler: "Uma democracia não pode existir como uma forma permanente de governo. Só pode existir até que os eleitores descubram que podem votar por mais dinheiro do tesouro público para si mesmos. Deste momento em diante a maioria sempre votará nos candidatos que prometem a distribuição de mais dinheiro do tesouro público, tendo como resultado que uma democracia sempre acaba em razão de políticas fiscais frouxas, liberais e irresponsáveis e são seguidas por uma ditadura".
O que eu espero, sinceramente, que o eleitor, apesar de não estar entendendo nada muito bem, seja levado a votar no sentido de acabar com essa sensação de mal-estar que se abate sobre ele, ao ver tanta sujeira, tanto disse-me-disse e tanta euforia em torno de números positivos na economia que definitivamente não retratam o seu cotidiano. Brasileiro não gosta de guerra, nem de bombas e muito menos de festival de desgraça e destruição. Pode ser que isso conte na hora de votar - se é que nessa altura do campeonato ainda possa haver confiança na lisura e na segurança das urnas e do processo eleitoral.
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