segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Em nome da causa

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por Christina Fontenelle

em 30 de março de 2006

Resumo: Punição para Antonio Palocci? Talvez o ex-Ministro seja "condenado" a receber qualquer 20 milzinhos por mês para escrever em algum periódico, como se nunca tivesse feito nada de errado.

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O porta-voz do PT na Rede Globo, Franklin Martins, tratou de fazer sua parte e divulgar, no Jornal da Globo de 27/03, com ares de comentarista bem informado, que o Ministro Palocci foi DEMITIDO pelo presidente Lula porque quebrou a confiança que existia entre os dois. Franklin diz que Lula, ao "descobrir" que Palocci havia recebido o extrato da conta do caseiro Francenildo, diretamente em sua casa e pelas mãos do próprio então presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, disse ter acabado a confiança em Palocci porque o Ministro havia mentido para ele. Essa é a versão que a nomenklatura petista vai querer impor à sociedade.

Vão sacrificar publicamente Palocci, em nome da causa. Todo mundo sabe que o Ministro era alvo de inúmeras denúncias, a maioria bastante antigas, relacionadas à prefeitura de Ribeirão Preto. O figurão sempre desmentiu tudo, com a maior cara de pau e nunca foi empurrado para o sacrifício porque, como todo mundo já sabe também, para o governo do PT, apoiado pelo aparato judicial do Estado, prova mesmo contra alguém do partidão, só se for confissão assinada.

Até o episódio da quebra ilegal de sigilo do caseiro, o governo sustentava todas as, digamos, inverdades pronunciadas pelo Ministro – mesmo porque (e todo mundo sabe também) ele nunca fez nada por si mesmo e sim para o partido e em nome do projeto de poder do PT. O partido sempre fez questão de manter a imagem sacrossanta de Palocci, tanto na vida pessoal, como na sua atuação política e mais ainda como Ministro da Fazenda – coisa que, mais uma vez, todo mundo sabe estar bem longe de ser verdade, não só em relação a Palocci, como também a muitas (quase todas, eu diria) das pessoas que atuam na administração petista.

Entretanto, o golpe da quebra de sigilo do caseiro foi de uma burrice incomensurável e não pôde ser relevado – o homem foi sacrificado e entregue ao justiçamento público e legal, para que o Presidente possa vir a público dizer NOVAMENTE que foi traído. "É um coitado, inocente, que vive sendo apunhalado pelas costas por seus homens de confiança. Mas, quando descobre a verdade, ele demite e afasta os maus elementos, mesmo que continue achando que tudo não passe de intriga da oposição". É isso que vão querer enfiar goela abaixo da população, MAIS UMA VEZ.

Vou repetir: é bom que não se atribua aos maus a inteligência. A maldade é uma questão de talento. A inteligência está intrinsecamente associada à bondade. Não me canso de dizer isso porque é a mais pura verdade e, mais cedo ou mais tarde, acaba sendo observada.

Todos os elogios que se faz à atuação de Palocci no Ministério da Fazenda são feitos na medida de sua capacidade de MANTER a política econômica do governo de FHC, com alguns ajustes em relação à maneira de conduzir as Dívidas Públicas, interna e externa – muito provavelmente a menina dos olhos da arrecadação escusa do partidão e o mais sólido instrumento de engodo aos olhos daqueles que ainda não estudaram que alguns aspectos da economia capitalista não só podem como devem coexistir com a ditadura comunista, justamente para que essa possa sobreviver.

Agora, Palocci terá que responder a todas as acusações nos cerca de 50 processos de corrupção sobre sua atuação na Prefeitura de Ribeirão Preto e ainda será indiciado pelo caso da quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro – isto para não citar que o extrato bancário da Caixa Econômica é apenas uma pequena parte de um suposto dossiê encomendado e obtido pelo partido, contendo toda a movimentação financeira de Francenildo, bem como sua história de vida.

Segundo nota no Blog de Cláudio Humberto, parece que o próprio Lula já estava a par do tal dossiê, pelo menos desde o dia 16/03, quando a Senadora Ideli Salvatti (PT-SC) teria lhe perguntado se o caseiro Francenildo seria desacreditado e o presidente teria balançado a cabeça afirmativamente. Ambos, Lula e Ideli, estavam em Florianópolis.

Lula fez como já havia feito com José Dirceu: na cerimônia de passagem do cargo de Ministro da Fazenda, de Palocci para Guido Mantega, "apesar de sentir-se traído por companheiros sem nome", o presidente mantém o discurso de "pequenos erros dos camaradas" e elogia o ex-Ministro, declarando sua amizade e solidariedade, dando mesmo a entender que, mais uma vez, teria perdido um "amigo de luta" para as fofocas e intrigas da oposição.

Então, vai ficar assim: a imprensa lulista vai implantar a versão "da traição e do mau comportamento" de Palocci e a sociedade vai ficar "berrando", pela Internet que não é nada disso, enquanto o povão ficará à mercê da mentirada, com direito a "cala-boca" do Bolsa Família. Punição? Talvez o ex-Ministro seja "condenado" a receber qualquer 20 milzinhos por mês para escrever em algum periódico...

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